Depois de muita hesitação, decidi aceitar o convite e fui a Fátima ver com os meus olhos o destino de tanta peregrinação. Não me surpreendi ao deparar-me com o motivo de tal hesitação.
Não querendo ferir susceptibilidades de ninguém, e sendo eu católica não praticante, gostaria de perceber a religião na qual fui baptizada ... e por muito que tente, não consigo compreender o caminho que tem vindo a percorrer esta instituição que é a Igreja Católica.
Continuo a não perceber como uma instituição de tão elevados valores humanos, sobretudo a nível de solidariedade social, cobra pela fé.
Como funciona à base do elemento que deveria estar ausente, o dinheiro?
Ora, com o resultado de acções como a venda de velas, fazer o quê? Cobrir o santuário para abrigar os peregrinos e ajudar, com os restantes milhares, as pessoas que mais precisam de ajuda?
Não, nada disso. Foi melhor construir outra igreja com todos os detalhes possíveis e imaginários para homenagear Nossa Senhora de Fátima.
Será que a Virgem Maria gostaria de ver esta construção megalómana em detrimento da não ajuda de quem precisa? Grande percurso este! Estarei errada...vaidade não é um pecado mortal? Porque anda o Papa a nadar em ouro?
Já lá vão os tempos de pureza. Valores mais altos se levantaram, afundando a doutrina que apregoa a ajuda ao próximo, a humildade, a falta de luxúria, os olhares igualitários entre os praticantes e, acima de tudo, o respeito.