quarta-feira, 3 de dezembro de 2008

Pontos de passagem e paragem

São bastantes os locais por onde já parei, todos eles deixando boas recordações e amigos para a vida. Com início em Coimbra, seguiu-se a Lageosa do Mondego, a Ratoeira, Celorico da Beira (com a Guarda pelo meio), Trancoso, (de volta a) Coimbra, Figueira da Foz, Granada, terminando...ou não...de retorno a Coimbra e à Figueira.
Foram bons os anos que se passaram na Lageosa do Mondego, aldeia grande onde se fizeram amizades que ainda hoje permanecem e das quais me orgulho bastante. Eram tempos diferentes onde as brincadeiras eram na rua e o cheiro a liberdade era totalmente verdadeiro e puro.
Seguiu-se a escolinha da Ratoeira, cuja maioria dos coleguinhas divergiu quebrando o contacto de praticamente todos após quatro anos de aulas e intervalos a jogar aos cantinhos, ao mata e a descascar castanhas da árvore da escola. Felizmente a tecnologia tem avançado a passos largos (nalguns pontos não é vantajoso, mas isso ficará para outro post) e o Hi5 permitiu reencontrar algumas destas pessoas. É sempre bom rever caras que nos ajudaram de alguma maneira a ser aquilo que hoje somos.
Entretanto outras pessoas conheci que não se encaixam em nenhuma destas localizações, mas encaixam-se em todas. Cresci bastante com elas e aos poucos vamos-nos reencontrando. Quando tal não acontece não há que ficar triste ... foi bom e daí só há que sorrir e agradecer por isso.
Celorico da Beira...bons tempos. Com alguns amigos da Lageosa e da Ratoeira, aumentou-se o leque e criou-se um grupinho porreiro. Foram horas de almoço passadas a jogar voley, a ir para casa da Tininha ver os gatinhos ou a fazer companhia à Patrícia no quiosque. Nasceram aqui alguns amores que permanecem até hoje e que perdurarão, outros amores de adolescência que se desvaneceram restando apenas a recordação. Algumas pessoas mantêm o contacto, outras recordam-se com um sorriso.
Ao chegar a Trancoso, sem conhecer ninguém, surpreendo-me actualmente como foi tão fácil começar a conviver com os amigos de hoje. Época melhor? É complicado. Gente que ainda hoje, por muito pouco que se comunique, se sente pertencente de um grupinho imortal. É assim que eu o sinto e espero que por muitos e muitos anos se continue a realizar o fantástico jantar de Verão, aquele que nos permite partilhar as novidades da nova vida e fazer parte da actual vida de cada um. Cada um preenche um lugarzinho na minha vida e sempre assim há-de ser.
Chegando a Coimbra, depois de muita lágrima e solidão, encontrei-me com a antropologia. Nela consegui encontrar de novo o sorriso. Novas pessoas pularam o cadeado e não saíram mais, com ajuda do único amigo (avião) que vinha de trás. Coimbra tornou-se um modo de vida e aqui percebi o significado da vida e do espírito académico. O leque de experiências aumentou e a independência chegou. As asinhas nascidas em Trancoso, cresceram em Coimbra. As aulas com cada professor (cada um deles com o seu "quê" especial), os jantares, as suavíssimas praxes (de função única e exclusivamente social), os jantares, os brindes (não em exagero), as sessões fotográficas, os cafés, os capuchinos durante as noites de trabalho na antropocasa, o nascimento do amor, todos os acontecimentos fizeram com que as serenatas ao luar ganhassem sentido e Coimbra recebesse todo o encanto na hora da despedida.
Com a ajuda e companhia do meu "mais-que-tudo", Granada foi uma paragem de curta duração, no entanto permitiu-me conhecer pessoas fantásticas e verificar que há vida fora do nosso país. Pessoas a quem em condições Portuguesas veria, não como inalcançáveis, mas num patamar superior, em Espanha são como tu e eu (uns mais iguais que outros, mas com a mesma base). Amizades de todas as idades, postos e nacionalidades cresceram. Quer alunos ou professores, dos 22 aos 60 anos, de Granada, Barcelona, Sevilla, Tenerife, Finlândia, Itália, Colômbia, Argentina, Brasil, todos no máximo de convívio. A estadia terminou, mas o contacto mantém-se. Enriqueci em espírito e em conhecimento. Guardo-os comigo no meu portuñol internacional.

Vivemos todos os momentos ao máximo sem nos darmos conta de tal. No entanto, quando os momentos terminam e nos vemos sem a possibilidade de os retomar, levamos com um balde de água fria e o chão desaparece. Felizmente os amigos permanecem e, embora não se possam viver os mesmo momentos, podemos viver outros diferentes, olhar para trás e sorrir. Passámos por tudo aquilo, somos vencedores. Vencedores de momentos, experiências, amores e amigos. Se não deixarmos, ninguém nos tira isto.
Obrigada a todos os que fazem parte do meu passado, presente e futuro.

3 comentários:

I. disse...

Acho mto mal não fazeres referência à minha pessoa!! Afinal aqueces os pés a quem???
Estou deeprée. Cruel!!!

Inês Fernandes disse...

Minha pulga gélida, tu estás referenciada em cada palavra. E olha lá...quem é que aquece os pés a quem? Eu bem sei onde passas a dormir!

I. disse...

Então... Tu aqueces os pés a mim certo?
Agora vem o comentário sério...

Cada pessoa nos marca, e após a partida, fica o receio (e por vezes certeza) que muitas das pessoas que nos marcaram, nos fizeram sentir especiais, nos animaram com as maiores trivialidades mais tarde ou mais cedo acabam por partir, não pq assim o desejemos, mas por força das circunstâncias, pq a distância em nada ajuda, e pq com o rumo da vida não conseguimos dar a atenção devida a todos. Mas sempre os iremos relembrar. Não passei por tanto sítio como tu, mas Coimbra estará sempre presente, pela cidade que é, pelas amizades construídas, por momentos só nossos.

Voltando ao meu estado normal, claro que isto não se aplica à tua pessoa em relação à minha (e vice-versa!!Fui querida agora) e já agora ao Pete também.

Wendy and Pete je vous aime beaucoup!!! Je suis trés content!!!
Momento parolo/lamechas :D